Em 2024, a LVM  celebrou  25 anos de uma história marcada por desafios mas também por conquistas e transformações. Fundada em 1999, a empresa evolui de uma simples loja de revenda de produtos de beleza para um dos principais players do mercado profissional em Portugal, reconhecida hoje pela exclusividade das marcas que representa, pela formação que oferece e pelo compromisso com a inovação e com as pessoas. 

Em entrevista a José Carlos Figueiredo, CEO da LVM, é possível traçar um percurso dos momentos decisivos da história da empresa ao longo deste quarto de século, a forma como acompanhou as mudanças do mercado mas também como se antecipou e como projecta o futuro.

Foram tantos que é difícil enumerar. Desde termos começado por ser uma loja de revenda com formação, a termos deixado a loja porque não queríamos vender a publico para um armazém na maia porque era impossível trabalhar o cliente profissional diretamente, a partir do centro do Porto, até termos sido desafiados em 2006 por uma multinacional de referencia no mercado para distribuirmos a marca MATRIX, que foi o inicio da nossa viragem para um conceito de marcas exclusivas e de abandonarmos a revenda, até a importação da COTRIL em 2008, z-one concept em 2009, criação dos nossos departamentos de educação e marketing & comunicação, aparecimento do nosso departamento de barber supplier em 2016, até aos dias de hoje, tem sido uma já longa mas igualmente rápida evolução da nossa empresa. 

O que mais contribuiu para o posicionamento e consolidação que a LVM tem hoje no mercado? 

Acredito que os nossos 7 pilares ou valores como lhe queiram chamar. Sendo eles as pessoas em primeiro lugar, somos uma empresa de pessoas para pessoas, seja com quem for que façamos contatos ou negócios, temos sempre presente que é uma pessoa que está do outro lado. Desde os fornecedores, passando pela equipa, até aos nossos clientes/parceiros, não fazemos descriminações de qualquer espécie e toda a gente é tratada com o respeito e o profissionalismo que merece. Em segundo temos bem claro que os nossos clientes/parceiros são os verdadeiros donos da empresa. São eles que nos escolhem para os servir e a eles devemos tudo o que somos hoje enquanto empresa. Não sou eu que mando, nem as chefias, numa lógica em que tudo o que for bom para os clientes, sejam produtos, ou serviços, será bom para nós também. Em terceiro lugar a identificação clara de quem são estes clientes. São sem duvida alguma os profissionais de beleza, sejam eles cabeleireiros, barbeiros, manicures, esteticistas ou maquilhadoras, mas sempre alguém que cuida da beleza e autoestima da nossa população. Claro que no mundo de hoje os mercados estão misturados e não há barreiras entre o físico e o online e tivemos de nos adaptar, até porque as marcas que representamos têm a sua própria estratégia e nós temos de a defender, mas a nossa prioridade foi, é e será sempre, trabalhar diretamente com os profissionais de beleza.  Em quarto lugar o peso e importância que damos a formação. Sabemos que sempre foi e cada vez mais é importante as pessoas serem bem formadas a todos os níveis. Na nossa designação social consta LVM, Formação e Comércio de produtos para Cabeleireiros…e não é por acaso. O comércio, adoramos fazer negócio, desde que seja bom para todas partes envolvidas, caso contrário não será duradouro. Somos uma empresa comercial e por isso procuramos sempre fechar negócios que aportem valor aos nossos parceiros. A superação. Estamos sempre a meter mais lenha para a fogueira, adoramos sair fora da nossa zona de conforto e fazer coisas diferentes, ou de maneira diferente. É este desafio constante que nos move e ficamos sempre entusiasmados e felizes sempre que temos um projeto novo ou diferente e por último a confiança. Todos os 6 pontos anteriores remetem para este último, porque na execução deles, criamos relações extremamente duradouras, como provam a longevidade de muitos dos nossos parceiros, de muitos elementos da nossa equipa e até das relações de vários anos que temos com as principais marcas com que trabalhamos. Materializamos isto que dizemos mantendo vivos e com grande força os nossos eventos, sejam eles de formação ao mais alto nível como o Hair in Motion que já vai na quinta edição, ou mesmo a nossa family trip, onde levamos a relaxar para destinos paradisíacos os nossos parceiros que continuam a valorizar este tipo de incentivos . Fazemo-lo com gosto porque adoramos o que fazemos e com quem o fazemos.  

Quais as maiores transformações que identifica no mercado nestes 25 anos e como se adaptaram? 

Enormes transformações sociais que se arrastam também para a nossa indústria. Desde logo a globalização, o e-commerce, a digitalização, a multicanalidade das marcas, o agravar das desigualdades entre a classe mais baixa e a classe alta, levando ao quase desaparecimento da classe média, a instabilidade e volatilidade do mundo em que vivemos, tudo isto se reflete no nosso dia a dia e de uma forma cada vez mais direta. Para cada situação vamos encontrando soluções adaptando-nos enquanto empresa. Por isso temos várias marcas de produtos e acessórios, importamos também equipamentos, vendemos algumas marcas não apenas pela nossa rede de venda direta, mas também indiretamente, seja on-line seja em lojas físicas, através de parceiros selecionados (poucos) e que respeitam os preços e a estratégia das nossas marcas.    

Quais são, na sua perspectiva,  atualmente os grandes desafios do sector e como se posiciona a LVM enquanto parceiro de negócio? 

Os grandes desafios do setor são a capacidade de os profissionais pensarem como empresários para além da atividade que gostam e executam. Hoje em dia ser só um excelente executante é uma obrigação e não garante nada. Tudo tem de ser pensado e executado ao pormenor, desde o conceito do espaço, a inovação dos serviços, o acolhimento, o diagnóstico, a formação das equipas e do empresário, a comunicação, as dinâmicas comerciais, tudo tem de estar em consonância com o que o mercado espera e exige. A LVM enquanto parceiro trás respostas formativas em todas estas áreas, aconselhamento e o atrevimento necessário para provocar esta mudança nos seus clientes/parceiros.  

Particularmente, como está a gerir os desafios e oportunidades gerados pela digitalização?

Toda a nossa equipa trabalha já há muitos anos remotamente. As nossas ações de comunicação são partilhadas com o público alvo através das variadíssimas plataformas, sejam facebook, instagram, whatsapp, site, Dropbox e muitas outras. Todos os nossos indicadores de performance, sejam comerciais, de logística, financeiros ou outros, estão permanentemente disponíveis on-line num dashboard criado para o efeito, para gerirmos ao minuto a empresa e reagirmos rapidamente a qualquer mudança de direção ou velocidade que tenhamos de implementar. Mas há muito ainda para fazer e por experiência sei que vai haver sempre, porque a única constante no mundo é a mudança.  

O que mais irá impactar o sector num futuro próximo?

A inteligência artificial, as descobertas científicas que dai podem advir, a longevidade da população, o envelhecimento da mesma, a cada vez maior entrada de outras nacionalidades e culturas no nosso pais, a maior preocupação com a saúde, alimentação e imagem ligados a longevidade, o crescimento de redes sociais e e-commerce, são imensos os desafios, alguns mais preocupantes, outros extremamente aliciantes aqueles que se esperam. O interessante é que ninguém consegue prever o futuro, só conseguimos observar o presente e imaginar o impacto do que o que está a acontecer agora pode provocar no nosso sector e está muita coisa importante e relevante a acontecer. Vivemos num mundo global e há muita gente que ainda não se adaptou a isso.  As empresas que melhor e mais rapidamente o fizerem são aquelas que cá vão estar daqui a 25 anos.

Como olha para a Formação e como a perspetiva no futuro tendo em conta a dinâmica do mercado e a pergunta/resposta anterior? 

A formação e o conhecimento em geral serão cada vez mais importantes na tomada de decisão diária. A informação chega-nos de todos os lados e por diversas formas. Algo de importante também é escolher bem que fontes de informação e conhecimento queremos validar e seguir. Nesse sentido acho que a escolha dos parceiros certos, alinhados com a globalidade do que está a acontecer no mundo e que façam a ponte para o nosso país e mercado, será um fator critico de sucesso para quem se quer manter no mercado por muitos e muitos anos, a acompanhar as evoluções sociais e tecnológicas que se estão a manifestar cada vez mais rápido.

Quais são, na perspetiva da LVM,  as áreas /sectores/ segmentos com mais oportunidade de crescer?

Todas ligadas à saúde, numa lógica de beleza de dentro para fora e global. Os profissionais do presente e futuro serão, no meu entender, os que abordam temas como a longevidade, a alimentação, a saúde, o bem-estar físico e psicológico, aqueles que façam diagnósticos cada vez mais profundos e que apresentem resultados visíveis. Acredito também que vai ter de haver especialização, tal como hoje temos vários conceitos de restauração, que estava perdida há 2 décadas atrás, no nosso mercado terão de aparecer conceitos específicos, com experiências únicas e com um nível de serviço de excelência. O resultado final será também cada vez mais de acordo com aquilo que foi acordado e mostrado ao cliente no diagnóstico. As novas gerações são mais rápidas, mais digitais e menos pacientes com o erro. Exigem bem executado, rápido e de acordo com as expectativas criadas, de preferência a um preço que considerem justo e equilibrado.

Como está a preparar os próximos 25 anos? 

Vamos continuar a adaptarmos as mudanças que nos vão surgindo, porque estou a trabalhar para uma LVM para lá de mim e da geração que me acompanha. Portanto todas as decisões que tomo hoje são a pensar se seriam estratégicas se a empresa estivesse a começar agora e se a resposta for sim, então avanço. Estamos a testar e muito em breve vamos ter novidades com a entrada de uma marca que tem um conceito e um serviço diferente do que temos hoje e que vai aportar valor. Tenho fechado a aquisição de novas instalações para a zona de Gandra, a 1mn da saída da A41, com excelentes acessos a toda a região norte do país e com uma área que é o dobro do que temos hoje, quer em termos de escritórios, academia e zona de armazenagem. Estamos com projetos para fazer crescer as equipas comerciais, numa lógica em que temos vários marcas e estruturas dedicadas e em que, caso os melhores comerciais do setor queiram iniciar um projeto próprio, podem na LVM ter o seu parceiro, com todas as responsabilidades de apoio de stock, faturação, crédito, logística, marketing e formação do nosso lado. Continuamos a acreditar que neste mercado, no nosso país, os profissionais vão querer ainda por muitos anos ter um consultor a visitá-los e a fazer a ponte entre as empresas e os seus negócios, ajudando-os no seu desenvolvimento. Talvez porque sou comercial de formação, ainda hoje, seja para comprar um carro, uma casa, negociar com um banco, ou outra atividade comercial qualquer, sinto uma diferença enorme se for bem acompanhado por um consultor simpático, empático, profissional, responsável e conhecedor do produto e serviço que tem para apresentar e invariavelmente isso pesa muito na minha decisão final. Porque conheço os profissionais de beleza, acredito que sentem e pensam da mesma forma. É um mercado de pessoas para pessoas.