Ser cabeleireiro não estava nos seus planos, mas o destino acabou por lhe trocar as voltas e foi entre escovas e tesouras que desenhou o seu percurso. Nascido no Zimbabwe, Victor Picardo é hairstylist, formador e gestor do Grupo a que dá nome. Ensinar faz parte do seu ADN.  

Como nasceu a sua paixão pelos cabelos?

Aconteceu de forma inesperada. Apesar de a minha mãe ter um salão de beleza, nunca tinha ponderado a hipótese de seguir esta profissão. Curiosamente, um dia, ao passar por um salão, a imagem de um cabeleireiro a cortar o cabelo de um cliente fascinou-me de tal forma que fiquei a observá-lo durante muito tempo. Foi nesse momento que percebi que queria ser cabeleireiro. No dia a seguir, estava a trabalhar nesse salão.

Passou por Londres, tendo aperfeiçoado a sua capacidade técnica com nomes de referência. De que forma a experiência internacional o fez crescer como profissional?

Estudar em Londres permitiu-me contactar com a filosofia de corte Vidal Sassoon, uma escola com grande foco na disciplina e personalização de um corte. Mais tarde, senti necessidade de aprofundar outros conhecimentos e passei por outras escolas como Toni&Guy e Trevor Sorbie. A forma como os cabeleireiros britânicos partilham o conhecimento e a paixão com que o fazem é inspiradora.  Fez-me querer seguir o mesmo caminho.

No ano em que o grupo Victor Picardo completa 25 anos, inaugura um novo projeto: uma academia. Que balanço faz destes últimos 25 anos?

Abri o meu primeiro espaço no Zimbabwe, em 1983. Anos depois, com o agravamento da situação política, decidi deixar o país e vim para Portugal. Em 1992, abri o primeiro salão do Grupo em Lagos, e vinte cinco anos depois posso dizer que não tem sido um caminho fácil de percorrer, mas tem valido a pena. Quando cheguei ao Algarve, percebi que era necessário construir uma cultura forte de cabeleireiro que, até então, não existia. E isso só seria possível através de formação. Desde aí, este tornou-se o ADN do Grupo Victor Picardo: aprender ensinando e ensinar aprendendo. A partilha de conhecimento é o único caminho para a evolução por isso, o meu foco está na nova Academia Victor Picardo, um centro de conhecimento e inspiração.

Victor Picardo Academy Hairdressing School | ©Victor Picardo

Além de cabeleireiro e formador, é gestor do Grupo Victor Picardo. Como faz a gestão dos vários espaços do Grupo?

Cada salão tem um gerente, que é responsável pelo espaço e existe também um gerente de operações que dá apoio aos gerentes de salão. Já a Academia está segmentada em três departamentos: Formstylist, que oferece os cursos IEFP de longa duração; Equipa Artística Victor Picardo, que lecciona todos os cursos curtos de 4 horas a 25 horas; e Educação Interna da equipa Victor Picardo, que inclui cursos coordenados com o Grupo L’Oréal, direcionados à nossa equipa.  

 “Hoje em dia os clientes estão muito bem informados. Cabe-nos a nós, cabeleireiros, estar um passo à frente.”

Como procura actualizar-se?

Viajo, leio, pesquiso, e acima de tudo, procuro ouvir os outros elementos da minha equipa. Temos de aprender uns com os outros e, no Grupo Victor Picardo, temos a sorte de ter mentes criativas jovens e com grandes ideias.

Em que papel se sente mais realizado: cabeleireiro ou formador?

Estou no salão duas vezes por semana. O salão é o lugar onde tudo acontece e sinto que é muito importante estar em contacto com os clientes. Mas a verdade é que, quando estou na Academia, não dou pelo tempo passar…. Faço-o com tanta paixão que parece que o tempo nunca chega…

Que aspectos considera essenciais no atendimento?

A consulta diagnóstico e a personalização de cada serviço é fundamental para garantir a satisfação do cliente. Além disso, queremos que a imagem da nossa equipa seja um convite ao cliente para arriscar nas novas tendências. A formação contínua da nossa equipa é outro dos pontos essenciais do nosso grupo, pois acreditamos que só desta forma conseguimos garantir o profissionalismo e oferecer aos nossos clientes um serviço premium, diferenciado e actual.

Victor Picardo em palco | ©Victor Picardo

Recentemente, a L’Oréal apresentou um estudo onde traça o perfil da “nova consumidora”: uma mulher mais preocupada com a aparência e desperta para os serviços completares nos salões. Que serviços fazem parte da oferta dos salões Victor Picardo?

O core business dos nossos salões é, sem dúvida, o serviço de cabeleireiro e, em particular, o serviço de corte e coloração. A par do serviço de cabeleireiro, temos serviços na área de beleza, desde manicure, massagens a depilações. Dispomos também de tratamentos de rosto e corpo, que incluem mesoterapia e reflexologia e pretendemos apostar, brevemente, no serviço de make-up.

Tendo em conta o contexto do mercado actual, qual considera que deverá ser a atitude do profissional?

O cabeleireiro precisa de apostar na formação, fazer mais pesquisas, comunicar de uma maneira muito profissional com os clientes, recomendar em vez de vender (seja um serviço ou um produto) e não esquecer que, hoje em dia, os clientes estão muito bem informados. Cabe-nos a nós, cabeleireiros, estar um passo à frente.

Equipa artística do Grupo Victor Picardo: Sérgio Perdizeiro, Victor Picardo e carlos Lucas | ©Victor Picardo