Lesões musculoesqueléticas: Melhorar as condições de trabalho com a ferramenta OiRA

Por: Cristiana Bento, Técnica Superior de Segurança no Trabalho, com formação em Osteopatia

 

Embora não sendo uma doença exclusiva dos trabalhadores do sector de cabeleireiros e barbeiros, as LMERT (Lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho) têm neste grupo profissional uma grande prevalência devido às posturas adotadas, tipo de movimentos realizados, bem como repetibilidade dos mesmos.

 

As LMERT constituem uma das grandes preocupações a nível da saúde ocupacional apesar dos investimentos efetuados na sua prevenção.

Fruto desse investimento realizado e a fim de alertar e sensibilizar para a sua existência e necessidade de prevenção foi lançada a OIRA, uma ferramenta, gratuita, de Avaliação do Risco para Cabeleireiros & Barbeiros e a primeira a ser desenvolvida para Portugal.

Nesta ferramenta, os profissionais de Cabeleireiro e Barbeiro poderão encontrar um meio eficaz para avaliar os riscos a que estão sujeitos no decorrer do desempenho das suas funções.

A ferramenta permite também determinar se estão a ser respeitadas as imposições legais bem como as boas práticas que devem ser utilizadas para prevenir esses riscos, identificando quais são e como se previnem.

No caso específico deste sector, um dos riscos que pode ser avaliado é o das lesões musculoesqueléticas relacionadas com a atividade de barbeiro e cabeleireiro e as medidas de prevenção das mesmas, permitindo ao profissional que as desempenha (empregador/trabalhador que neste sector podem ser a mesma pessoa) tomar medidas para minimizar a sua evolução ou para que consiga continuar a trabalhar com as limitações que estes tipos de lesões podem causar.

O alerta para a existência dessas lesões permite sensibilizar os profissionais a detetarem, precocemente, os sintomas e a iniciar tratamentos que evitem a sua evolução para doenças profissionais irreversíveis.

As LMERT caracterizam-se por sintomas como:

  • Dor localizada, ou que pode irradiar para outras áreas corporais;
  • Sensação de dormência ou de “formigueiros” na área afetada ou na sua proximidade;
  • Sensação de peso;
  • Fadiga ou desconforto localizado;
  • Sensação de perda ou perda efetiva de força.

Estes sintomas surgem gradualmente, com tendência para se agravarem no final do dia de trabalho. As pausas e o repouso aliviam os sintomas, mas se a exposição aos fatores de risco se mantiver, os sintomas, que, no início, eram ocasionais passam a ser persistentes, mantendo-se nos períodos de repouso e interferindo com o trabalho e com as atividades do dia-a-dia até se tornarem doença crónica.

Se não se conseguir evitar, é urgente atuar assim que surgem os primeiros sintomas.

Tome atenção aos sinais de alerta, cuide de si como sendo o seu maior investimento.

 

A Osteopatia como meio de prevenção e recuperação

Reconhecida e recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), em Portugal, a Osteopatia é reconhecida pelo Ministério da Saúde, como terapia não convencional, pela Lei nº 45/2003 de 22 de agosto que veio a ser regulamentada pela Lei 71/2013 de 2 de Setembro, posteriormente alterada pela Lei 1/2017 de 16 de janeiro e pela Lei 109/2019 de 9 de setembro.

Para além disso, desde janeiro de 2017 que está isenta de IVA, fazendo parte da lista de despesas a serem apresentadas como despesa de saúde em sede de IRS.

A osteopatia possui técnicas para diagnosticar, tratar e prevenir doenças, permitindo ao corpo que se cure por si mesmo e implica conhecimento de anatomia, fisiologia e patologia do corpo humano, o que permite identificar e tratar disfunções de mobilidade dos tecidos corporais (articulações, ligamentos, músculos, nervos, vasos, vísceras, entre outros).

Sendo uma terapêutica, que assenta numa filosofia segundo a qual o corpo funciona como uma unidade, constituída por diferentes partes móveis que funcionam em conjunto e de forma interdependente, o osteopata, utilizando as mãos, consegue entender os movimentos e tensões do corpo e, através de várias técnicas manuais suaves e não invasivas (técnicas osteopáticas), trabalhar as diversas áreas afetadas promovendo o tratamento.

Possuindo uma filosofia própria, com recurso a métodos de avaliação e diagnóstico centrados na individualidade do paciente e na inter-relação dos seus tecidos com os sistemas corporais, bem como na interação destes com o meio que o rodeiam, contempla assim o indivíduo e a sua atividade profissional, assumindo-se por isso uma mais-valia no diagnóstico, prevenção e tratamento de LMERT.

No tratamento das LMERT, a osteopatia é aplicada com o recurso a técnicas manuais específicas, direcionadas para cada tipo de tecido, patologia e utente, tornando-se desta forma um tratamento individualizado.