25 ANOS a inspirar o mundo dos Cabelos e da Beleza
A TOM SOBRE TOM está a celebrar 25 anos de vida. Nasceu em 1997 com um propósito muito claro e do qual nunca se desviou: contribuir para a elevação do sector de beleza profissional. Na visão dos seus fundadores, este propósito assenta na Educação e (In) Formação contínuas, enquanto pilares determinantes do sucesso, levando aos profissionais desta indústria o que mais de relevante acontece neste mercado.
As principais tendências, sejam elas na vertente técnica, artística, comportamental ou de negócio marcam a actualidade da revista, que também põe em destaque todos os que se distinguem no sector e que, por isso, inspiram os seus pares.
Ainda que os primeiros anos da publicação tenham sido exclusivamente dedicados aos cabeleireiros, a TOM SOBRE TOM alargou o seu leque de conteúdos à área da estética. O mercado de beleza profissional vivia um momento de forte dinamismo, os espaços de beleza reinventavam-se e apostavam numa oferta global de serviços que merecia estar em foco. Por outro lado, havia todo um know-how e experiência entretanto adquiridos no mercado da estética profissional que merecia ser capitalizado. E, acima de tudo, a paixão que nos move no universo da beleza.
Num mundo cada vez mais célere, digital e conectado, as mudanças na TOM SOBRE TOM continuam a acontecer. Hoje, é uma revista multiplataforma, que além da edição em papel, está presente nas redes sociais Facebook e Instagram e, desde 2016 através do seu blog www.tomsobretom.pt , onde as novidades chegam a todo o momento aos profissionais e a um público cada vez mais vasto. Estes novos canais, são um espaço privilegiado para a partilha de ideias, criatividade, tendências e (muita) beleza.
As novas plataformas garantem também maior proximidade, mas o que é um facto é que a TOM SOBRE TOM sempre acompanhou de perto os profissionais ao longo do seu percurso. A presença assídua em diversos eventos nacionais e internacionais – sejam shows, viagens, feiras, workshops ou lançamentos – permitiram-lhe estar próxima do seu público e valeram-lhe também o reconhecimento de que usufrui nos dias de hoje e que se manifesta de múltiplas formas. Os seus representantes integram o júri de alguns dos principais concursos nacionais do sector, são oradores convidados de vários eventos e dão contributos relevantes para estudos sobre o mercado. Um estatuto que lhe tem permitido estar igualmente próxima dos decisores políticos que titulam a actividade dos cuidados pessoais (na qual se inclui a beleza profissional) como a Secretaria de Estado do Trabalho e a Secretaria de Estado do Comércio e Serviços, junto dos quais tem sido voz embaixadora das principais preocupações do sector mas também de propostas de soluções, resultado de um trabalho conjunto com as Associações.
Por isso mesmo, faz todo o sentido que os 25 Anos da TOM SOBRE TOM sejam celebrados com os profissionais do sector, convidando-os a deixar o seu testemunho nesta edição, nas que se seguem ao longo deste ano e ainda no online. Quisemos saber quais as mudanças mais significativas a assinalar neste último quarto de século, mas também quais os principais desafios que o futuro nos reserva, numa altura em que a resposta a novos estímulos tem de ser muito rápida e o sector foi posto à prova por um dos momentos mais difíceis das últimas décadas.
Miguel Charneca
Administrador da Sorisa
Em 25 anos o que mais mudou no sector, na óptica do profissional e do consumidor?
Neste último quarto de século assistiu-se a um elevado nível de exigência na profissionalização do sector, o que foi extremamente benéfico para todos os intervenientes, desde fabricantes, parceiros, fornecedores, profissionais de estética e consumidores.
O desenvolvimento da ciência e da tecnologia, bem como o acesso facilitado e muito mais democratizado à informação, gerou maior procura por produtos e serviços de estética e bem-estar, o que exige mais e melhor e qualidade dos mesmos. O mercado reinventou-se e, finalmente, tornou-se reconhecido internacionalmente como uma necessidade.
Eleja o acontecimento, produto ou serviço que, pelo seu impacto no sector, tenha sido o mais relevante neste quarto de século.
Sem dúvida o acesso à informação através da tecnologia.
As novas formas de comunicar alteraram as necessidades do consumidor, o que, por sua vez, gerou uma maior procura por serviços e produtos. A estética é agora, e finalmente, para todos.
Havendo mais procura, a oferta tem de acompanhar o mercado, tanto ao nível de equipamentos de estética como de produtos cosméticos ou consumíveis. E temos visto descobertas incríveis que dão origem a produtos que proporcionam verdadeiras “curas” de bem-estar, saúde e beleza aos consumidores.
Que desafios irão marcar o futuro do sector?
Teremos pela frente os desafios de conseguir acompanhar o nível de exigência dos consumidores: a aposta e investimento em tecnologias que permitam optimizar o desenvolvimento de produtos e serviços; e, claro, assumirmos todos um compromisso com o planeta, instituindo e respeitando políticas de sustentabilidade nas diversas componentes do mercado.
A digitalização é, sem dúvida, um desses desafios. Como é que se digitaliza um sector que vive de experiências físicas e sensoriais?
Temos observado um enorme desenvolvimento da digitalização, mas nos últimos dois anos, ao atravessarmos todos uma pandemia, julgo que conseguimos, finalmente, entender o quanto isto é importante.
Não se substituem as mãos de um(a) esteticista ou terapeuta e não se substitui o contacto humano, que pode e deve continuar a ser trabalhado com mais segurança e com maior rigor nos atendimentos. Contudo, a digitalização é um aliado dos serviços que as profissionais prestam, como o diagnóstico e a prescrição ou a venda online de produtos. Até na própria formação, as ferramentas digitais assumiram um papel preponderante.
O meio digital é hoje uma forte ferramenta comercial, mas acima de tudo é um instrumento de comunicação que ajuda a estreitar relações interpessoais, incluindo com clientes. Julgo que se pode ter o melhor dos dois mundos, desde que sejam trabalhados da forma correta.
O que esperam de uma revista profissional?
Que continue a informar e educar o mercado de um modo profissional, isento e coerente. E claro, que acompanhe a sua evolução ou, até mesmo, antecipe as suas necessidades.
Fernando de Sousa
Presidente da Associação de Cabeleireiros de Portugal
Em 25 anos o que mais mudou no sector?
Na realidade, tudo mudou neste último quarto de século. Mas a grande evolução que destaco é o progresso técnico dos nossos profissionais, os quais reconheceram que o investimento na formação será sempre o elemento diferenciador na qualidade do seu trabalho. É imprescindível ser ambicioso na busca de mais conhecimento.
Eleja o acontecimento, produto ou serviço que, pelo seu impacto no sector, tenha sido o mais relevante neste quarto de século.
Sou apologista que devemos enfatizar sempre uma perspectiva positiva, mas neste caso não resisto a expor o retrocesso verificado em 2011, com a desregulamentação da nossa profissão, que considero um completo desrespeito por um sector que presta um serviço fundamental para o bem-estar da sociedade. Com esta descredibilização assistimos à proliferação de espaços com trabalhadores sem qualquer qualificação.
Não quero deixar de referir, igualmente, um momento positivo que considero de extrema importância para o sector num passado recente: a união de todas as instituições profissionais aquando do período pandémico. O que denominamos por G7 foi um marco na história da profissão, cujo trabalho desenvolvido junto da DGS e do poder político permitiu que as empresas de cuidados de beleza fossem sempre as primeiras a desconfinar.
Que desafios irão marcar o futuro do sector e como é que as Associações lhes poderão responder?
As instituições e as empresas são, atualmente, confrontadas com desafios nunca antes vividos, alguns enfrentados já antes da pandemia e que são hoje agravados pelo contexto de guerra na Europa. Os efeitos colaterais desta situação terão repercussões negativas no mercado português e mundial, colocando ainda mais pressão nos salões de beleza e barbearias.
A digitalização é também um desses desafios. Como é que se digitaliza um sector que vive de experiências físicas e sensoriais?
A realidade virtual deve ser considerada a grande mutação mundial, sem a qual já não sabemos viver. Os profissionais carecem de inspiração para darem largas às suas técnicas e criatividade com uma capacidade singular de interpretar e apreender a informação que visualizam.
Ainda que a globalização seja uma realidade, as experiências físicas e sensoriais terão sempre de acontecer, mas potenciadas pelo acesso a um infinito intercâmbio de informação.
E como é que se materializa a digitalização na relação das Associações com os seus Associados e com o mercado?
Encaramos a digitalização como um meio facilitador que nos permite partilhar rapidamente informação e formação mesmo que à distância. Tivemos de nos modernizar e adaptar para responder às necessidades dos nossos Associados.
O que esperam de uma revista profissional?
Esperamos que nos ajude a comunicar com os profissionais e a sensibilizá-los para importância de apoiar as suas Associações que num momento difícil trabalharam arduamente na defesa dos seus interesses.
Que seja porta-voz da mensagem que os profissionais resistem em não receber: ser Associado é uma mais-valia, é apoiar a sua profissão!
Thalgo Portugal
Em 25 anos o que mais mudou no sector na óptica do profissional e do consumidor?
Em 25 anos, as mudanças foram significativas. Desde logo nas formulações dos cosméticos para minimizar o impacto ambiental, optimizar resultados e proporcionar maior conforto. Igualmente positivo tem sido o desenvolvimento de cosmética cada vez mais enriquecida em componentes naturais, nomeadamente a nível dos ácidos na área dos esfoliantes.
Registaram-se, por outro lado, alterações substanciais na qualificação dos profissionais do sector, tendo sido lamentável a abolição das carteiras profissionais de esteticista e a inexistência de verificação das qualificações necessárias para o exercício da profissão por parte das entidades oficiais nos locais de trabalho.
Outro aspeto negativo é o facto de o acesso às formações modulares na área da estética não ser precedido de formação básica que prepara os formandos para a aquisição de competências mais específicas. Não sendo exigida nenhuma certificação prévia em áreas complementares, como a anatomia ou a dermocosmética, não é garantida a qualidade de desempenho no atendimento, diagnóstico e mobilização de competências teóricas e práticas mais adequadas ao consumidor.
No âmbito da comunicação, a presença nas redes sociais facilita o acesso do consumidor aos espaços de beleza, por exemplo com a participação em “directos” a convite de Spas e Institutos. Acções desta natureza têm permitido uma maior aproximação das profissionais às consumidoras e, simultaneamente, uma maior divulgação dos espaços e dos serviços neles prestados.
No entanto, a diversidade e difusão de informação sobre marcas e produtos tem, por vezes, dado origem a desinformação. Nem sempre contribui para um esclarecimento fundamentado dos efeitos reais dos produtos e cuidados estéticos, havendo necessidade de clarificar questões sobre a sua utilização e sobre quais os comportamentos a ter na procura dos cuidados de beleza indicados para obter resultados mais visíveis e eficazes.
Eleja o acontecimento, produto ou serviço que, pelo seu impacto no sector, tenha sido o mais relevante neste quarto de século.
O investimento na ergonomia aliada à tecnologia dos equipamentos, que tem permitido maior eficácia e conforto nos cuidados, é um dos acontecimentos que merece destaque. Igualmente marcante é o conceito 360º que envolve o importante e atual propósito de reciclabilidade, bem como a sinergia entre cosmética, suplementos nutricionais, alimentação, aparatologia e técnicas especificas.
Que desafios irão marcar o futuro do sector?
Com a ameaça das alterações climáticas e do equilíbrio do planeta, as preocupações ecológicas implicarão, cada vez mais, acções diretas dos fabricantes na proteção do ambiente, na composição dos cosméticos, no tratamento dos resíduos, na elaboração dos produtos e das embalagens. A regulamentação crescente no fabrico e utilização de produtos será uma garantia na redução dos riscos ambientais e humanos.
Outro dos desafios será a descoberta de cada vez melhores activos naturais que proporcionem aos consumidores bons cuidados de beleza e estética de forma mais saudável.
A digitalização é também um desses desafios. Como é que se digitaliza um sector que vive de experiências físicas e sensoriais?
A intervenção directa das mãos das profissionais nos cuidados faciais e corporais não tem mostrado estar ameaçada, mas reconhecemos que durante o período mais duro da pandemia de COVID-19 foram impostas limitações em muitos dos tratamentos presenciais, quer na sua duração quer na proximidade dos intervenientes. Por isso, o digital foi e continuará a ser uma grande ajuda na formação das profissionais e no aconselhamento das consumidoras em épocas de crise presencial.
Aproxima-se também a exploração de novos conceitos, como o metaverso, para ligar a realidade virtual à realidade aumentada. Teremos muito a aprender e praticar para assegurar um marketing moderno, entusiasmante, motivador e gerador de confiança mútua.
O que esperam de uma revista profissional neste contexto?
Espera-se que acompanhe os desafios do futuro com informação relevante e actual, apresentando soluções para os problemas que se vão sentindo. Deve também integrar informação de teor científico e pedagógico sobre cosméticos e equipamentos, que explique a origem e as razões que levaram as marcas a integrar determinadas substâncias em produtos, ou sobre o tipo de tecnologias incorporadas nos equipamentos, apresentando os seus benefícios e limitações.
Espera-se que contribua para a formação do consumidor, indo além da informação de caráter promocional. Deve apostar na transmissão do conhecimento sobre a investigação e cientificidade de ativos e tecnologias, dando a conhecer os benefícios estéticos, as situações de indicação e de contraindicação.
Christophe Cadoret
Empresário e Consultor
Em 25 anos o que mais mudou no sector na óptica do profissional e do consumidor?
Antes de mais, gostaria de dizer que tenho muito orgulho em ter caminhado ao vosso lado e celebrar os 25 anos da revista TOM SOBRE TOM no mesmo ano em que assinalo os meus 25 anos em Portugal. Cheguei a este país no dia 1 de maio de 1997!
No que se refere às mudanças no sector, notámos que, após a chegada das cadeias estrangeiras nos anos 80 e 90, muitos salões independentes acabaram por adaptar as metodologias dos grandes grupos internacionais nos seus espaços.
Hoje em dia, a maioria destes salões já não trabalha apenas a vertente artística, mas também o marketing (conceito, redes sociais, vitrinas) e a gestão (compras e controlo de custos). De igual modo, o desenvolvimento pessoal, a motivação, a atitude, a comunicação verbal e não verbal dos colaboradores, são fatores cada vez mais importantes para ter sucesso.
Por sua vez, os consumidores estão cada vez mais informados. Isto deve-se, sobretudo, ao acesso generalizado à internet e ao desenvolvimento das redes sociais (YouTube incluído), onde conseguem encontrar um volume crescente de informação sobre produtos e a forma de os usar. Há mesmo vídeos e workshops que ajudam a realizar alguns serviços em casa. Isso obrigou os profissionais a estarem mais preparados e informados para poderem responder a todas as expectativas dos consumidores e, desta forma, fidelizá-los nos salões.
Eleja o acontecimento, produto ou serviço que, pelo seu impacto no sector, tenha sido o mais relevante neste quarto de século.
Em primeiro lugar, os consumidores tendem a ser cada vez mais saudáveis nas suas escolhas, seja no uso de produtos naturais, na alimentação e em tudo o que se relaciona com o bem-estar da mente e do corpo.
Depois e embora o poder de compra dos consumidores tenha diminuído, estão mais exigentes no que toca às propostas e serviços realizados em salões, procurando mais qualidade, incluindo no atendimento, mas a preços mais acessíveis.
Por outro lado, hoje temos um número crescente de produtos de qualidade com ingredientes naturais, orgânicos e vegan, eliminando soluções químicas que não eram muito saudáveis para os cabelos. Existem produtos que respeitam mais a fibra capilar e até alguns que permitem reconstruir os fios desde o seu interior.
Que desafios irão marcar o futuro do sector?
Numa altura em que já há bons profissionais a nível artístico e técnico, os grandes desafios do futuro passarão, inevitavelmente, pelo seu desenvolvimento pessoal, a atitude, a forma como abordam os clientes na comunicação verbal e ainda mais na comunicação não verbal. O salão do futuro terá de comunicar cada vez mais o seu conceito e transmitir mais profissionalismo, indo ao encontro das exigências dos consumidores para tornar cada cliente único.
Os salões terão de estar impecavelmente arrumados, organizados e limpos e os colaboradores deverão representar exemplarmente a profissão.
O que esperam de uma revista profissional?
Esperamos que siga a sua caminhada ao lado dos profissionais para continuar a valorizar a nossa profissão com temas da atualidade, ajudando-os a ter uma visão correcta e real sobre a evolução do mercado e as expectativas dos consumidores.
João Casado
CEO Davines e Comfort Zone Portugal
Em 25 anos o que mais mudou no sector na óptica do profissional e do consumidor?
Em 25 anos muita coisa mudou, mas nem sempre de forma positiva. Em primeiro lugar, a adesão de Portugal ao tratado de Bolonha eliminou a obrigatoriedade da carteira profissional e deixou o sector demasiado exposto à entrada de uma concorrência baseada, essencialmente, no baixo preço.
Proliferaram os “barbeiros” elegantes com filosofia e conceito, embora firmados em preços baixos que ainda hoje pressionam transversalmente todo o sector.
Na estética nasce o conceito de SPA que, timidamente, vai crescendo com alguma dificuldade. Contudo, os hotéis começam a gerir o SPA como uma conta autónoma, capaz de ter sustentabilidade económica, em vez de ser apresentado como um serviço complementar para ajudar a “vender” o quarto.
Eleja o acontecimento, produto ou serviço que, pelo seu impacto no sector, tenha sido o mais relevante neste quarto de século.
Em 2004, a Davines introduziu no sector o tema da sustentabilidade. Principalmente nos países mais a sul da Europa é considerado um “não argumento”, mas a resiliência permitiu-nos criar o nosso ADN e sermos hoje reconhecidos em todo o mundo por um consumidor atento aos problemas do nosso planeta.
Agora que o tema se tornou moda, na Davines sabemos que ser só sustentável já não é suficiente (infelizmente) para devolver ao planeta todos os recursos que lhe tirámos. Por isso, acreditamos que temos de trabalhar numa economia circular e regenerativa, capaz de repor no nosso planeta o equilíbrio que, implacavelmente, fomos destruindo.
Que desafios irão marcar o futuro do sector?
Em todos os momentos existem desafios e oportunidades. A principal dificuldade é sempre o tempo de adaptação. O cliente procura hoje um tratamento mais humano e o profissional deve saber entender isso e brindá-lo com um serviço de excelência.
A digitalização é também um desses desafios. Como é que se digitaliza um sector que vive de experiências físicas e sensoriais?
A comunicação online é hoje um enorme desafio. Através dela o profissional tem uma oportunidade, acessível e única, de se apresentar aos clientes potenciais, ao mesmo tempo que mantém a relação com os existentes. Além disso, podem utilizar este canal para vender os seus produtos e serviços.
Por outro lado, a formação vai continuar a progredir, pois o acesso fácil do consumidor à informação, propiciado pelos meios digitais, vai exigir mais do profissional.
Alex Vasconcelos
Top Stylist & Diretor Criativo do Salão Hairtz
25 Anos, 25 Factos sobre a mudança
#1 Um influenciador hoje vende mais shampoos que um cabeleireiro.
#2 Os homens voltaram a fazer a barba nas barbearias.
#3 As madeixas mudaram o nome para balayage.
#4 As marcas descobriram que não precisam dos cabeleireiros para vender produtos.
#5 Os cabeleireiros descobriram que não precisam das marcas para serem formadores.
#6 Uma caixa de luvas custava 5 euros, hoje custa 15 euros!
#7 Há 25 anos um corte de homem custava 10 euros. Hoje continua a custar 10 euros.
#8 Um funcionário ficava 10 anos num salão, hoje fica um mês.
#9 Um cabeleiro trabalhava 12 horas por dia. Hoje só quer trabalhar seis!
#10 Hoje abrem mais cabeleireiros novos num só dia do que há 25 anos num semestre.
#11 Hoje aprende-se mais gratuitamente numa hora do que há 25 anos num mês.
#12 Hoje todos os cabeleireiros são experts, mas poucos conhecem o nome Vidal Sassoon!
#13 Hoje um cabeleireiro ganha 700 euros, há 25 anos ganhava os mesmos 700 euros.
#14 Há 25 anos o poder estava no “patrão”, hoje o poder está na equipa!
#15 Há 25 anos os cabeleireiros terminavam um corte com hairspray, hoje terminam com máquina fotográfica.
#16 Há 25 anos o cliente pedia conselhos ao cabeleireiro, hoje pede conselhos ao YouTube!
#17 Há 25 anos criavam-se coleções, hoje criam-se duplicações!
#18 Há 25 anos precisávamos de ir a Londres ou Paris para ter formação avançada, hoje podemos tê-la no conforto da nossa casa.
# 19 Há 25 anos a concorrência do cabeleireiro de Lisboa estava em Paris, hoje está no Barreiro.
#20 Há 25 anos um barbeiro usava uma máquina de corte, hoje usa 10.
#21 Há 25 anos matizávamos cabelo com shampoos, hoje precisamos mais meia hora para matizar com novos produtos.
#22 Há 25 anos fazíamos madeixas em duas horas, hoje fazemos em cinco, mas cobramos o mesmo!
#23 Há 25 anos os cortes demoravam 45 minutos hoje demoram 75 minutos, com sessão fotográfica para o digital incluída.
#24 Hoje os clientes fazem os seus penteados em casa, há 25 anos iam sempre ao cabeleireiro.
#25 Há 25 anos os clientes fidelizavam-se para uma vida inteira, hoje vão para onde há uma nova experiência.
Os desafios do futuro
O cabeleireiro hoje tem três grandes desafios pela frente: Inovar – Criar – Descansar
1º Desafio: Inovar o modelo clássico de gestão e tornar sustentável um negócio que está a perder rentabilidade e recursos humanos de forma muito acelerada!
Os custos não vão parar de crescer de ano para ano e os recursos humanos estão mais exigentes e requerem: outro tipo de agilidade no tempo dos seus horários e férias; ordenados mais sustentáveis para a vida pessoal; prémios variados; liberdade para terem a sua expressão artística no mundo digital, mesmo sendo funcionários; e acima de tudo um local seguro para o seu equilíbrio emocional!
O aumento anual do preço da energia, produtos, materiais, rendas e recursos humanos será equivalente ao que se verificou no passado no total de uma década! E os preços que se cobram não estão a acompanhar esta evolução de custos. De igual modo, a gestão de recursos humanos necessita urgentemente de uma mudança para acompanhar as diferentes necessidades de cada geração nos dias hoje!
É um desafio enorme, mas tem de ser abraçado pelos cabeleireiros sob pena de continuarmos sempre com as mesmas queixas, deixando o medo impedir-nos de avançarmos e fazermos aquilo que tem de ser feito!
2º desafio: confiar na criatividade para desenvolver uma Identidade Artística própria!
Quando abrimos o Instagram de um cabeleireiro somos invadidos por imagens que são cópias uns dos outros! Entendo a forte tendência, mas se todos correrem atrás de todos, então nunca terão diferenciação perante o público! E correr atrás levará sempre a um cansaço mental perigoso que pode levar à autossabotagem no médio prazo!
O mundo está implacável com a monotonia e hipervaloriza quem tem identidade própria! Mas, identidade não é só a nossa técnica a fazer o que o mercado está a pedir. Identidade é a nossa voz, o nosso estilo, a nossa forma única de fazer as coisas. E a indústria está muito carente de artistas com coragem para serem diferentes, para terem uma voz inspiradora num mundo ruidoso!
Quando damos o poder ao cliente e ao Instagram estamos a ganhar no curto prazo, mas será difícil distinguirmo-nos num mundo onde, a cada minuto, nasce um cabeleireiro com a mesma formação e as mesmas ferramentas digitais que nós! O cocktail mágico para criarmos e alimentarmos a nossa tribo é ter a coragem de sermos nós a liderar o mundo digital com uma assinatura única.
3ºdesafio: Aprender a descansar em movimento!
A velocidade do mundo está muito mais rápida do que a nossa indústria, trazendo urgência na tomada de decisões para a inovação e a afirmação da nossa identidade artística. Hoje a única novidade é que o mundo e a nossa indústria não vão abrandar, o que nos coloca perante este desafio: se pararmos vamos mesmo cair e de forma muito rápida!
Então, o desafio é aprendermos a descansar em movimento, manter o avião no ar, aprender a planar, mas não parar! Esse é um desafio que vai exigir de todos nós um novo mindset para o negócio e para a carreira artística.
José Carlos Figueiredo
CEO da LVM
Em 25 anos o que mais mudou no sector na óptica do profissional e do consumidor?
Antes de mais, quero dar os parabéns à TOM SOBRE TOM pelos seus 25 anos de existência. Desde o início que foi, e continua a ser, a referência do sector em Portugal.
Ao longo dos 25 anos que a LVM trabalha também nesta indústria, acompanhei a sua evolução e, por se tratar de um mercado mais emocional que racional, assisti (e continuo a assistir) à resistência em aceitar que o mundo gira a uma velocidade cada vez maior. E grande parte do sector, senão a maioria, demora a aceitar esse facto. Vivemos claramente num mundo mais célere, mais integrado e digital, onde as distâncias se encurtaram. Existe hoje uma volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade nunca vistas e, se dúvidas houvesse, a COVID-19 e a atual guerra na Ucrânia vêm dissipá-las.
As mudanças mais significativas são fruto da evolução constante que é imposta pelo crescimento da internet e da globalização (que há 25 anos estavam a dar os primeiros passos) e também pela transformação da China numa potência mundial. As ameaças eram mais locais, as economias mais regionais e o panorama macro completamente diferente, razão pela qual os salões trabalhavam mais, vendiam mais e ganhavam mais dinheiro, ao ponto de se dizer hoje que nesse tempo é que era!
Outro grande impacto destes dois fenómenos foi a transferência de parte dos consumidores para as plataformas online. E se há 25 anos cada marca tinha uma estratégia comercial diferente de país para país, hoje isso é impossível. Alguns profissionais já se adaptaram e negoceiam melhores contratos com as marcas. Além disso, têm agora zonas de venda mais adequadas, equipas mais bem formadas e a trabalhar com incentivos, tirando partido das plataformas digitais como uma extensão do seu negócio, alguns deles com resultados surpreendentes.
Hoje há mais salões a apostar na imagem do seu espaço, já que o consumidor procura uma experiência holística, valoriza o serviço e quer sair satisfeito, estando disposto a pagar mais por isso. A abertura da China possibilitou e alargou a oferta de equipamentos com alguma qualidade a preços bastante mais acessíveis, obrigando outros fabricantes a ajustar a sua estratégia e a criar marcas mais competitivas, o que aportou alguma dinâmica ao sector na renovação dos espaços.
Outro fenómeno a que assistimos foi o ressurgimento das barbearias. Não as convencionais que, na sua maioria, fecharam porque não acompanharam o evoluir dos tempos, mas as novas e reinventadas, com conceitos de experiência global, onde o homem se sente num ambiente masculino para tratar da sua imagem, mas também para passar tempo com os amigos e beber um copo enquanto espera. Tendo nascido na era digital, tiram melhor partido das plataformas do que a maioria dos salões já existentes e vendem como nunca produtos para homem, graças também ao crescimento da cosmética masculina.
Por último, temos mais preocupações ambientais e começaram a aparecer marcas bio, vegan, naturais e até produtos químicos com cada vez menos componentes prejudiciais para as pessoas e poluidores para o ambiente.
Que desafios irão marcar o futuro do sector?
Acredito que os grandes desafios para o mercado podem ser resumidos numa palavra: adaptabilidade.
Os profissionais deverão ter em conta que os consumidores procuram espaços que proporcionem uma experiência holística perfeita e a sua adaptação tem de ser feita já.
Terão de perceber que hoje já não há um mundo online e outro offline, está tudo interligado. Devem entender a importância de terem um bom posicionamento no Google e bons comentários nas suas redes sociais. Têm de aprender a comunicar melhor, a vender mais e a saber prestar um bom atendimento às pessoas. Cortar-lhes o cabelo e proporcionar-lhes um bom serviço técnico já não é suficiente. É preciso muito mais.
É importante incorporarem na sua actividade conhecimentos de gestão, contabilidade, financeiros e fiscais, tirando partido dos softwares, plataformas e ferramentas existentes para melhorar a gestão de tempo, a gestão do negócio e o agendamento. Não podem continuar a gerir os seus negócios com as regras do passado porque elas mudaram e vão continuar a mudar.
Olho sempre para as crises como grandes oportunidades e sinto que a paragem forçada pelos confinamentos veio expor, de forma flagrante, estas fraquezas e muitos têm procurado eliminá-las. É um bom sinal. Efetivamente a dor é um grande catalisador da mudança (na minha opinião a melhor) e estamos a atravessar o pior período dos últimos 25 anos. Sem perder a sua essência de personalização e proximidade com as pessoas, esta actividade tem de tornar-se mais racional, pensar mais nas equipas, nos clientes e no negócio como um todo.
Como provou Darwin, não são as maiores espécies que ganham, são aquelas que melhor se adaptam e isso é válido também para os negócios. Nunca como agora tivemos tantas pessoas que se preocupam com a sua imagem, a sua saúde e bem-estar. Por isso, as oportunidades existem. Vamos agarrá-las!
Enquanto formador, de que forma pode contribuir para isso?
Acredito tanto que este é o único caminho, que decidi incluir no nosso calendário técnico formações na área de gestão para cabeleireiros e barbeiros, executadas por mim, que os ajudem a ter um negócio mais estável, rentável e próspero.
Gosto tanto desta actividade que desde que me deparei com este sector há 25 anos, quis nele fazer vida. 25 anos depois, cá estou com muito orgulho e vontade a dar o máximo de mim e da minha equipa a esta profissão. Mais recentemente, começámos a desenvolver marcas portuguesas para levar a qualidade dos cabeleiros e barbeiros nacionais a outros países.
Temos tanta ou mais qualidade que as insígnias internacionais, como o provam as várias pessoas e marcas portuguesas que brilham por esse mundo fora. Queremos provar o mesmo!
André Leal
Marketing e Comunicação na Inventore, Oficina de Software
Como é que a digitalização pode ajudar o setor da beleza profissional a tornar mais eficiente a gestão do negócio?
Em 2006 quando a Inventore nasceu, lançou o “Gicnet”, o software que veio consciencializar muitos empreendedores do setor da Saúde Beleza para a necessidade de tomar decisões de forma mais eficaz e com base em informação real. Quando as empresas que digitalizaram o negócio começaram a crescer mais e de modo mais célere, passaram a utilizar um software pelo valor que veio acrescentar e não pela obrigatoriedade de o fazerem.
Hoje em dia, o sistema de gestão de um salão é um dos principais objectos de estudo para quem está a abrir um negócio. E é precisamente nesta mudança que encontramos aquilo que nos desafia. Nesta área da tecnologia para profissionais, é imperativo acompanhar cada negócio com detalhe e ser um parceiro tecnológico em vez de um simples prestador de serviços. Trouxemos para o setor da beleza o poder da digitalização e, em troca, ganhámos uma aprendizagem profunda sobre atendimento e acompanhamento.
O mercado da beleza está a passar novamente por uma grande mudança, sobretudo na procura digital e na exigência de soluções tecnológicas por parte dos seus clientes. Capacitarmos os negócios para responderem a esta mudança é a nossa missão.