SCHÖREM: “Tornou-se cool ser barbeiro”
Para muitos dos barbeiros old school, a inspiração vem da Schörem Haarsnijder en Barbier, a barbearia holandesa que é uma referência mundial – as grandes filas à porta são a prova do seu sucesso. Bertus e Leen, os barbeiros por detrás do negócio estiveram em Portugal e a Tom sobre Tom não perdeu a oportunidade de conversar com os dois profissionais.
Como explicam o crescimento do negócio de barbearia?
As barbearias nunca deviam ter desaparecido, mas a verdade é que existiu uma série de acontecimentos históricos que levaram a isso. O mundo mudou… e a própria moda também. As barbearias não conseguiam competir com os salões. Após a 2ª Guerra Mundial, o mundo inteiro teve que se reconstruir. Apareceu o Rock&Roll, os Beatles, os movimentos hippies e, de repente, esquecemo-nos das barbearias. Era tão antiquado ir ao barbeiro! E foi isso que quase matou as barbearias. No Oeste, só uma meia dúzia escapou. A velha guarda das barbearias não fazia parte dessa reconstrução e muitas pessoas preferiam ir ao salão para renovar o look e porque os barbeiros não tinham ideia como fazer…. nunca aprenderam, só estavam habituados ao look tradicional. Os barbeiros tiveram que se reciclar!
“É muito bom encontrar um local onde possamos fazer uns bons cortes, rirmo-nos, conversar e beber uma cerveja.”
A Schörem é uma inspiração para barbearias do mundo inteiro. Como é que olham para o conceito actual das barbearias?
A barbearia sempre teve um propósito além de cortar o cabelo/barba. Antes dos mass media, as barbearias eram os locais onde as pessoas se reuniam, conversavam, onde se sabiam as notícias em primeira mão. Quando começámos o negócio, não tínhamos noção do que iria acontecer mas acabámos por redescobrir a importância e a necessidade de um sítio que quase caiu no esquecimento. Na barbearia não há competição, ninguém quer saber quanto é que ganhas, estão lá todos para o mesmo fim. É muito bom encontrar um local onde possamos fazer uns bons cortes, rirmo-nos juntos, conversar e beber uma cerveja.
O negócio das barbearias está a crescer de tal forma que não param de surgir novos espaços de barbearia …
A cultura do barbeiro tem vindo a crescer graças ao espírito entreajuda e de comunidade que existe no circuito de barbearia. Estão a abrir muitas barbearias, mas daqui a uns anos algumas vão acabar por fechar. Só as boas vão resistir e é importante que os profissionais não se deixem estagnar, há sempre espaço para evoluir e aprender coisas novas! Antes do renascimento das barbearias, ser barbeiro não era um trabalho de topo. Agora, tornou-se cool ser barbeiro e sentimos que, de alguma forma, a Schörem tem vindo a fazer parte dessa mudança de mentalidade.
“Quando abrimos a Schörem,decidimos fazer uns posters e, num deles, queríamos ter um modelo com barba. Colocamos um anúncio no jornal e no facebook e demorámos 3 semanas para um modelo com barba completa. Hoje em dia, se quisermos arranjar um modelo sem barba demoramos 3 semanas a encontrá-lo!”
E a barba, é uma tendência que veio para ficar?
A barba é, sem dúvida, uma tendência! Aliás, temos uma história engraçada sobre a barba. Quando abrimos a Schörem, há cerca de 8 anos, decidimos fazer uns posters e, num deles, queríamos ter um modelo com barba. Colocamos um anúncio no jornal e no facebook para encontrarmos um modelo com barba completa. Demorámos 3 semanas para o encontrar. Hoje em dia, se quisermos arranjar um modelo sem barba demoramos 3 semanas a encontra-lo! É incrível: não sabíamos que isto ia acontecer! Tornou-se cool ter barba e ir arranjá-la ao barbeiro, especialmente nos países mediterrânicos.
Inicialmente, abriram a barbearia com o intuito de se divertirem, mas acabaram por criar uma marca profissional…
Quando começámos tínhamos uma variedade muito grande de marcas. Marcas de todo o mundo e também marcas mais pequenas, mas chegávamos a levar seis meses a repor o stock. Não podia ser! Se um cliente gosta de determinado produto, não o podemos deixar tanto tempo à espera. Então decidimos produzir a nossa própria marca. A ideia inicial era produzir apenas para os nossos clientes, mas a Reuzel acabou por crescer…
O que é que torna Reuzel diferente?
Quando alguém compra Reuzel não está apenas a comprar o produto. Compra um estilo, uma história. Muitos jovens olham para nós não como empresários, mas como dois indivíduos perfeitamente normais que provaram que qualquer pessoa pode tentar e conseguir. Não sabíamos se ia resultar e a hipótese de falhar era grande. Investimos todo o nosso dinheiro na barbearia, divertimo-nos e acabámos por ter sucesso. Além disso, os produtos são muito simples e as pessoas adoram isso. São feitos por pessoas normais para pessoas normais, não há grandes companhias metidas nisto. Todo o conceito e a comunicação da marca foi feita por nós. Foi como criar um filho. Quando começámos, trabalhávamos 16 horas por dia, recebíamos os media e se tivéssemos que fazer barbas gratuitamente só para termos um pequeno artigo num pequeno jornal fazíamo-lo e repitamo-lo, mesmo exaustos. Agora temos uma equipa maior e dividimos o trabalho pelo pessoal da barbearia.
Tiveram oportunidade de visitar barbearias portuguesas?
Desta vez, não. Mas já tínhamos visitado anteriormente e vimos algumas barbearias muito bonitas, muitas old school. Subimos uma rua de elétrico e vimos as pessoas a rirem na barbearia isso é ótimo! Vimos alguns barbeiros a cortar e são muito bons!